Ao longo da década de 1850, a crônica consolidou seu espaço nos jornais brasileiros: publicada semanalmente como uma revista dos acontecimentos mais diversos, passava do teatro lírico ao parlamento, da limpeza pública à literatura, sempre com a mesma leveza própria do estilo e o mesmo peso que qualquer opinião impressa em um jornal tinha para a época.
Ao assumir a crônica semanal do Jornal do Commercio, Joaquim Manuel de Macedo já era um nome consagrado, um dos primeiros e o mais popular romancista do período, o autor da Moreninha, cuja glória literária fazia sonhar o jovem José de Alencar. Dessa atividade, que, intercalada de períodos de maior ou menor assiduidade, estendeu-se por oito anos, faz parte a série Labirinto, publicada entre abril e dezembro de 1860. Nestas crônicas flagramos um momento em que se cruzam os caminhos de várias histórias um pouco esquecidas: do percurso de um escritor que teve boa parte de sua produção, que foi publicada na forma de crônica semanal, soterrada sob a fama de seu romance de estréia; de um período da história da imprensa em que se definia a configuração do próprio jornal, desenhando-se a sua cartografia num diálogo cotidiano com o público leitor; de uma época, enfim, que é talvez a menos estudada da história do Império, e que aqui, aos olhos de um cronista, apresenta seus embates, anseios e lazeres em toda a grandeza da cotidianidade.